Trump planeja novas tarifas, mas agronegócio brasileiro pode sair beneficiado

A possibilidade de Donald Trump impor tarifas sobre produtos importados reacende os debates sobre uma nova guerra comercial, especialmente contra a China. No entanto, especialistas apontam que essa disputa pode gerar oportunidades para o agronegócio brasileiro, repetindo o cenário observado no primeiro mandato do republicano.

 

Nova política tarifária de Trump

Reeleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump reafirmou sua intenção de aumentar tarifas de importação, com alíquotas que podem chegar a 60% para produtos chineses e taxas de 10% a 20% para mercadorias de outros países.

O Brasil, que se destaca como um dos principais fornecedores de alimentos para os EUA, pode ser impactado de diferentes maneiras. O país é líder nas exportações de café e tem grande participação na venda de suco de laranja, carne bovina, produtos da cana-de-açúcar, couro e soja.

Impactos no agronegócio brasileiro

Analistas avaliam que Trump dificilmente aplicará tarifas sobre produtos essenciais, como carne e café, devido à forte dependência do mercado norte-americano e ao risco de aumento dos preços internos.

Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, destaca que os EUA enfrentam um momento crítico na produção de carne bovina, com o menor rebanho desde os anos 1950. “Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de carne bovina brasileira, atrás apenas da China. No atual cenário, eles não podem abrir mão desse fornecimento”, explica.

A consultoria StoneX reforça essa visão, destacando que as medidas protecionistas de Trump devem se concentrar em setores como tecnologia e manufatura, deixando de fora produtos agrícolas brasileiros. No primeiro mandato, por exemplo, ele evitou tarifar commodities do Brasil, diferentemente do que fez com produtos industrializados, como o aço.
 

Café: uma peça-chave para os EUA

O Brasil é o maior exportador de café para os Estados Unidos, um dos maiores consumidores globais da bebida. Cerca de 15% das exportações brasileiras de café têm como destino o mercado norte-americano.

Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), ressalta que taxar o café importado não faz sentido econômico. “Os Estados Unidos não produzem café em larga escala, mas lideram o consumo global. Tributar essa importação afetaria diretamente o setor interno”, afirma.

O segmento cafeeiro movimenta anualmente US$ 110 bilhões nos EUA e emprega mais de 2,2 milhões de pessoas, sendo um importante pilar econômico.

Perspectivas para o governo Trump

Ainda há incertezas sobre o impacto exato das políticas de Trump, mas especialistas acreditam que ele manterá uma abordagem pragmática em relação ao agronegócio brasileiro. Marcos Matos enfatiza que a prioridade do republicano será preservar a estabilidade econômica, evitando medidas que possam prejudicar o consumo interno.

Dessa forma, o Brasil pode continuar expandindo suas exportações para os EUA e, ao mesmo tempo, se beneficiar de eventuais barreiras impostas aos produtos americanos na China, fortalecendo ainda mais sua posição no comércio internacional.

By Karina Navas

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